Nosso entrevistado é RUBENS
JARDIM, 75 anos, jornalista e poeta. Publicou poemas em diversas antologias no
Brasil e no exterior.
“Poemas sempre
estiveram presentes na minha vida. Tive uma tia, Conceição, que era apaixonada
por poesia e tinha um repertório magnífico. Em reuniões familiares ela sempre
declamava autores como Castro Alves, Fagundes Varela, Alvares de Azevedo, Olavo
Bilac e outros.”
É autor de três livros de
poemas: Ultimatum (1966), Espelho riscado (1978) e Cantares da paixão (2008).
Promoveu e organizou o Ano Jorge de Lima (1973) e publicou Jorge, 80 anos.
Integrou o movimento Catequese Poética (1964 a 1968)), Participou da I Bienal
Internacional de Poesia de Brasília (2008). Criou o Sarau da Paulista, (2017) e
tornou-se curador do Sarau Gente de Palavra Paulistano (2016). Publicou Lindolf
Bell – 50 Anos de Catequese Poética (2014) e As Mulheres Poetas na Literatura
Brasileira( 2021).
“Gosto desde os
poemas românticos de Álvares de Azevedo, passando pelos originalíssimos poemas
de Augusto dos Anjos, até os poemas-piada dos modernistas de 22. Sem deixar de
fora as maravilhosas Elegias de Duino, de Rilke.”
Rubens:
você é poeta, jornalista editor, organiza antologias… ou seja, está dedicado às
Letras. Como iniciou seu caminho literário?
Poemas sempre estiveram
presentes na minha vida. Tive uma tia, Conceição, que era apaixonada por poesia
e tinha um repertório magnífico. Em reuniões familiares ela sempre declamava
autores como Castro Alves, Fagundes Varela, Alvares de Azevedo, Olavo Bilac e
outros. E declamava com muita propriedade, Atribuo a ela essa minha predileção
por leituras públicas de poesia. Faço isso até hoje, seja no Sarau da Paulista,
seja no Sarau Gente de Palavra Paulistano.
Poderia
citar os nomes de 3 poetas pelos quais sinta admiração?
Jorge de Lima, Rainer Maria
Rilke, Drummond e Bandeira.
Como
surgiu a ideia de escrever o livro “Mulheres poetas na Literatura Brasileira”?
Costumo dizer que, de vez em
quando, “baixa” Xangô, essa entidade justiceira da nossa umbanda. Isso ocorreu
em 1973, quando parti em uma espécie de cruzada para resgatar a obra de Jorge
de Lima, completamente relegada às traças. E em 2011 aconteceu a mesma coisa.
Dessa vez em relação ao trabalho excelente realizado por mulheres poetas.
Sobre
estilos poéticos. Que tipo de Poesia você prefere? Por que?
Gosto desde os poemas
românticos de Álvares de Azevedo, passando pelos originalíssimos poemas de
Augusto dos Anjos, até os poemas-piada dos modernistas de 22. Sem deixar de
fora as maravilhosas Elegias de Duino, de Rilke. Ou esse fascinante Invenção de
Orfeu, de Jorge de Lima. Já disse em alguns lugares que a poesia é mistério: é
milho virando pipoca.
Vamos
falar sobre títulos. Na sua opinião o poema precisa ter título? Como você
escolhe os títulos de seus trabalhos?
Sinceramente não tenho
opinião formada a respeito. Tenho muitos poemas sem título, acho que a maioria.
Sente
na sua obra a influência de algum ou alguns poetas?
Nunca me preocupei com essa
questão. Mas sinto que em alguns momentos você pode estar sendo conduzido por
vozes imbricadas com a tua. Hoje mesmo, dia 26 de agosto, data aniversário de
meu pai que já partiu faz um tempão, republiquei um poema que fiz pra ele na
comemoração de seus 83 anos. Ali sinto pulsar, fortemente, as vibrações
linguísticas de Guimarães Rosa. Mas é raro isso acontecer.
Segundo
a sua percepção: esta época de pandemia mundial é boa ou é ruim para a criação
literária? Você se sente mais ou menos inspirado?
Acho que a pandemia é
péssima pra tudo. No nosso caso é pior ainda, pois temos que acrescentar a
todas as restrições e tantas mortes que poderiam ser evitadas, esse desgoverno
negacionista e retrógrado que se colocou contra a vacina. É algo intolerável.
Ridículo. Estapafúrdio.
Poderia
nos apresentar um poema curto de sua autoria para que os leitores conheçam seu
estilo? Não precisa ser inédito.
ATÉ QUE ENFIM
NÃO DEI EM NADA
DEI EM MIM
Fale
dos projetos para este semestre.
Por puro acaso, redescobri papelada datilografada nos anos 60 esboçando um panorama da poesia daquela época. Como faço parte dessa geração e atuei na Catequese Poética, movimento criado pelo poeta Lindolf Bell em maio de 1964, logo após o golpe militar, me senti muito à vontade para atualizar e ajustar aquele trabalho aos dias de hoje. Já estou concluindo esse livro A POESIA NOS ANOS 60 que reúne 84 poetas e vários movimentos como a Poesia Concreta, a Poesia Práxis, o Poema Processo, a poesia engajada de Violão de Rua, a Catequese Poética, a Poesia Marginal e as vozes independentes. Em breve, muito breve, esse livro virtual estará disponível, gratuitamente, na plataforma ISSUU para quem tiver interesse.
Comentários
Postar um comentário