Fotos: arquivo pessoal da autora
Nossa entrevistada é
a poeta Flavia Ferrari. Ela nasceu em Santana de Parnaíba/SP; é poeta,
escritora e professora. Escreve contos infantis desde 2014. Começou a publicar
seus poemas em 2020, no início da pandemia, mas a escrita esteve presente em
sua vida desde a adolescência. Teve poemas publicados pelo Tomaaíumpoema,
Escrita Cafeína, Editora Trevo e Revista Literária Pixé.
"A ideia da escrita do poema surge a partir de uma cena, que pode ser algo que esteja vivendo ou testemunhando ou o que surge através das leituras que faço. Eu procuro pensar sobre o que vi/li e me impactou e começo a refletir a razão pela qual isso chamou minha atenção."
1 Quando começou a escrever?
Eu comecei a escrever na
adolescência, na escola, em que participava de um grupo de “oficina literária”.
Lá, líamos e escrevíamos poemas e fiquei conhecendo muitas autoras e autores da
literatura brasileira. Depois, fiquei um longo tempo sem me dedicar a escrita e
em 2014 comecei a escrever contos infanto-juvenis e em 2020 comecei a registrar
meus poemas e a publicá-los.
2 Comente livros de seus autores preferidos.
Eu adoro ler poesia contemporânea
(agora estou lendo Adriane Garcia, Orides Fontela e Ana Martins Marques) e sou
fã de Carlos Drummond de Andrade.
Eu também gosto muito de ler
ficção, principalmente Chimananda Ngozi Adichie, Gabriel Garcia Marques, Elena
Ferrante, Jorge Luis Borges e José Saramago.
O livro Meio Sol Amarelo
(Chimannda) é imperdível, ela retrata, a partir da história de duas irmãs, o
que significou a tentativa da criação de Biafra para a nação nigeriana.
Cem anos de Solidão, que li pela primeira vez durante a adolescência, é o livro que me fez ler todos os outros do Gabriel Garcia Marques. A quadrilogia napolitana da Elena Ferrante é sensacional e o melhor livro que li sobre a história de uma amizade. Jangada de Pedra de Saramago e “O Aleph” de Jorge Luis Borges são livros surpreendentes e inesquecíveis.
3 Como escolhe os títulos de seus poemas?
Eu encaro o título como um verso de uma única palavra, que às vezes é o tema do poema, de onde surge a escrita, ou o verso que ainda poderia ser acrescentado ao corpo do poema e que no título fica destacado.
4 Fale de seus livros.
Eu publiquei meus poemas em duas
antologias digitais do Tomaaíumpoema, na Revista digital Pixé, também no portal
Escrita Cafeíona e na antologia física da Editora Trevo, Poesia Agora/2021.
5 Tem alguma técnica para construir os poemas? Inicia com uma
ideia, com uma palavra, com uma imagem, etc?
A ideia da escrita do poema surge
a partir de uma cena, que pode ser algo que esteja vivendo ou testemunhando ou
o que surge através das leituras que faço. Eu procuro pensar sobre o que vi/li
e me impactou e começo a refletir a razão pela qual isso chamou minha atenção.
Depois vou pro papel e começo a rascunhar palavras, versos, ideias,
perguntas... E o poema vai sendo construído.
6 Na sua opinião, a pandemia teve influência positiva ou
negativa sobre a criatividade poética?
No meu caso teve influência
positiva, pois aumentei muito meu fluxo de leitura (passou a ser praticamente
minha única atividade, fora o trabalho), o que foi me dando muita inspiração.
Além disso, como fiquei muito tempo em casa sem contato com quase ninguém,
escrever e compartilhar meus poemas foi uma forma de estar com as outras
pessoas, de quem sentia muita falta.
7 Já recebeu e-mail de seus leitores? Como se sentiu?
Sim! Já recebi alguns. Posso
dizer que essas mensagens dos leitores foram (e são) fundamentais pra eu
continuar a escrever. É como poder conversar sobre sentimentos, ideias,
identificações. Penso que uma vez que o poema é escrito e divulgado, passa a
ser um pouco de cada um que lê e isto me traz uma sensação de pertencimento a
uma comunidade poética, que lê, escreve e gosta muito de poesia.
8 Poderia copiar um poema curto de sua autoria para que os
leitores conheçam seu estilo? Não precisa ser inédito.
Caminho
Estou entre
A imobilidade e a excelência
A obstinação e o abandono
A dança e o adormecer
A consciência e o delírio
Falta pouco
Falta muito
Falta direção
Falta companhia
Estamos (todos)
Entre a vida e a morte
Em que parte do caminho?
Há tempos ando em círculos
Melhor recomeçar
A poesia chegou à minha vida de uma forma muito definitiva, pois desde
que comecei a ler poesia não parei mais. Eu tive uma escrita bem adolescente
quando comecei, os temas principais eram o amor/desamor e as relações
familiares. Hoje gosto de escrever poemas que tragam uma temática mais
filosófica e de crítica social – e sigo com os poemas de amor.
10 Tem
projetos literários para o segundo semestre de 2021?
Estarei presente na
Coletânea Enluaradas II: uma ciranda de Deusas e pretendo iniciar a escrita de um livro de poemas autoral.
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